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Archive for June, 2011

10 de Maio de 2011

Foram três dias repletos de descanso na cidade capital de Portugal. Ao contrário do que poderiam pensar, passeei muito pouco. Aproveitei para estar com alguns amigos e reencontrar velhas amizades que o tempo parecia ter, irremediavelmente, condenado ao esquecimento.

O tempo foi passado em casa, na companhia de boa gente, boa comida e muita bebida ;).

Depois de três dias inteiros sem pedalar, já sinto uma vontade enorme de voltar à estrada. O fim desta aventura está quase a chegar, restando “apenas” cerca de 350km para percorrer. A minha ideia para o dia de hoje é pedalar em direcção ao litoral e procurar um pouco de frescura. São 10h em ponto e o termómetro já marca 28 graus Celsius.

Mas encontrar o caminho para sair de Lisboa não se revela fácil. O trânsito em Lisboa não é propriamente o mais amigável para quem usa a bicicleta para se deslocar; as ciclovias são quase inexistente e a falta de civismo de alguns condutores, tornam a tarefa de sair de Lisboa, muito difícil. Quase uma hora depois já percorro uma estrada nacional em direcção a Odivelas e depois, Loures.

Depois de Loures, encontro a freguesia da Lousa (Loures). É terreno montanhoso mas de rara beleza. Atravesso um vale com um pequeno rio. Cheira a flores de primavera e o barulho da água a descer a montanha, lembram-me que ainda à bem pouco tempo estava no meio de uma selva de automóveis conduzidos por autênticos selvagens e agora…esta tranquilidade e paz natural.

O corpo está a reagir bem ao esforço que faço para vencer algumas subidas. Mais dificuldade tenho em manter os índices de hidratação altos, tal é o calor que se faz sentir neste belo dia de sol. Depois da Lousa, ao chegar à localidade de Malveira, mesmo antes de chegar a Mafra, encontro um ciclista que me faz companhia durante alguns quilómetros. É um senhor já com uma certa idade mas isso não o impede de manter um bom ritmo, mesmo a subir. E quando ele começa a distanciar-se de mim, abranda um pouco o ritmo e começa a puxar por mim: “Vamos lá…Já falta pouco..Ai eu com a tua idade…” :D. Um pouco antes de chegarmos a Mafra, o meu companheira de estrada tomo outro sentido e só tenho mesmo tempo de lhe desejar um bom dia de “pedal”.

São cerca das 14h quando chego a Mafra. Não é a primeira vez que visito esta cidade, mas fico sempre impressionado pela imponência do Palácio Nacional de Mafra. De estilo Barroco, o palácio começou a ser construído em 1717 por iniciativa de João V de Portugal, em virtude de uma promessa que o jovem Paulo Lourenço fizera se a rainha D. Maria Ana de Áustria lhe desse descendência. Classificado como Monumento Nacional em 1910, foi um dos finalistas para uma das Sete Maravilhas de Portugal a 7 de Julho de 2007.

Decido parar numa esplanada de um restaurante mesmo em frente ao Palácio de Mafra e como a fome é muita, peço o menu do dia. Frango no churrasco acompanhado por uma travessa de batatas fritas e uma fresca salada de alface e tomate. Para beber duas coca-colas para repor açucares e matar um pouco a sede.

O almoço prolonga-se por um par de horas e não intenções de regressar à estrada tão cedo, pois o calor ainda se faz sentir com grande intensidade. Aproveita esta pausa para contactar um grande amigo que é precisamente de Mafra: o “grande” Sabino. Não vou mentir, lá no fundo tenho a esperança que me convide para casa dele, mas infelizmente não vai ser possível. Ele e a “patroa” estão com alguns problemas matrimoniais e a minha presença poderá não ser assim tão bem vinda :).

Mas como grande amigo que é, aconselha-me a ir até Ericeira, até porque Mafra tem uma fraca oferta em termos de acomodações. Combinamos jantar e eu preparo-me para voltar à estrada.

Já a pedalar, ao sair de Mafra passo pela loja oficial Specialized de Mafra. Quando preparava esta viagem, contactei esta loja na procura de apoios na compra da bicicleta. Na altura tiveram o cuidado de me contactarem por telefone a felicitar-me pelo projecto e que infelizmente, não poderiam apoiar alguém que não fosse da região. Gostei da atitude e por isso, decidi parar para cumprimentar as pessoas da loja.

Apenas uma pessoa está na loja e quando “estaciono” a minha Specialized à porta, sou logo reconhecido: “Olha o gajo de Braga!”. Conversamos sobre a viagem e sobre bicicletas no geral. Ele oferece-se para fazer uma revisão muito geral e rápida – afinação dos travões e um pouco de ar nos pneus (talvez demasiado) – estou pronto para regressar à estrada.

Os poucos quilómetros que me separam da Ericeira são já percorridos ao final da tarde embalado por uma leve brisa que sopra a meu favor. Vou directo em direcção ao parque de campismo e mesmo antes de chegar passo por uma rotunda bastante original: é redonda como todas as outras mas no centro uma escultura original retrata um dos símbolos desta vila – o surf.


Faço o check-in no parque de campismo da Ericeira e as primeiras impressão não poderiam ser as melhores. O parque tem excelentes condições. Depois de montar a tenda e arrumar todo o material, tomo um banho bem fresco e dou um pequeno passeio pelo parque.

À hora marcada, o meu amigo Sabino está à entrada do parque. Vamos primeiro a uma praia muito conhecida pela sua ligação ao surf. Na Ericeira, o surf atinge aqui níveis superiores, sendo, por isso, organizadas regularmente neste local provas internacionais que aqui trazem os melhores surfistas do mundo! E apesar de já ser tarde e estarmos no início de Maio, são dezenas de surfistas que aproveitam as últimas ondas e os últimos raios de sol. Uma hora depois já estamos em direcção ao centro da vila para procurarmos um restaurante.

A Ericeira é uma pitoresca vila piscatória que tem o mar como fonte inspiradora. Cheira a mar não só do próprio mar como também dos restaurantes de peixe e marisco sempre fresco e até o ambiente que se vive nas ruas, tudo tem a ver com o mar. E aqui não vemos o mar da mesma maneira que noutros sítios. É, de facto, verdade o que diz a canção: “Ericeira, onde o mar é mais azul…” :).

Encontramos um pequeno mas bonito restaurante de peixe e marisco. O atendimento é simpático e escolho um arroz de polvo para comer. A escolha do vinho fica a carga do Sabino. Com este amigo o serão é sempre muito bem passado e sem darmos por isso, somos os únicos no restaurante e o cansaço começa a tomar conta do meu corpo.

Já de regresso ao parque de campismo, despeço-me do Sabino e agradeço-lhe o tempo que passou comigo, tendo em conta os problemas em casa :). O resto já sabem: xixi-tenda e toca a descansar.

Até amanhã.

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