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Archive for March 28th, 2013

13 de Maio de 2011

Esta manhã acordou com imenso nevoeiro e ao contrário do dia de ontem não me parece que vá estar um dia muito quente. Em termos clínicos posso dizer que tive alta hospitalar e estou novamente a 100%. Tomo o pequeno-almoço depressa porque é preciso compensar a curta etapa de ontem. Depois do check-out faço-me ao caminho e pedalo em direcção ao centro da Nazaré onde faço algumas compras.

Nazaré

Nazaré

Os planos para hoje são pedalar até à aldeia de Telhada; uma aldeia situada na freguesia de Paião, concelho da Figueira da Foz de onde são naturais os irmãos “Neves” – que conheci por Bragança enquanto por lá estudava (e não só) – e grandes amigos ficaram!

Depressa encontro uma estrada que me vai levar para norte, sempre junto à costa. Uns quilómetros depois tem início uma ciclovia em muito bom estado que me leva a crer que seja uma empreitada recente. Mais tarde descubro que se trata da Ciclovia da Estrada Atlântica que tem o seu início em Pataias; são cerca de 21 quilómetros de ciclovia – num conjunto de vários troços cicláveis, que ligam a Freguesia de Pataias e as suas diversas infra-estruturas às Praias do Norte do Concelho, através da Estrada Atlântica e foi inaugurada em 2007.

Ciclovia da Estrada Atlântica

Ciclovia da Estrada Atlântica

Entretanto o nevoeiro levantou e agora o sol brilha com intensidade aumentando a temperatura. Mas hoje sinto-me bem e sigo a bom ritmo. A primeira localidade digna desse nome é São Pedro de Moel, local com cerca de 250 habitantes e é nesta pequena localidade que me cruzo com dois cicloturistas. Ao contrário do que seria de esperar, não são dados a muitas conversas e não há lugar a uma pequena pausa para apresentações. Só consigo saber que são um casal de amigos holandeses que todos os anos, durante um mês, trocam o conforto das suas casas e a companhia de familiares e amigos, pela descoberta de um ou vários países de bicicleta – este ano, decidiram descobrir a península Ibérica. Num instante estamos a pedalar juntos porque tal como eu, rumam a norte.

Pinhal de Leiria

Pinhal de Leiria

Pedalamos agora num pinhal; o Pinhal de Leiria: andado plantar pelo rei D. Afonso III, no século XIII, com o intuito de travar o avanço e degradação das dunas, bem como proteger os terrenos agrícolas da sua degradação devido às areias transportadas pelo vento, e que se tornara uma grande preocupação para os habitantes da região. A mata é cerrada por isso ideal para um passeio de bicicleta e os parques de merendas e fontes de água abundam por todo o pinhal.

Depois de alguns quilómetros a pedalar no pinhal, voltamos à ciclovia e aqui, os meus recentes companheiros de viagem decidem parar para comer. Olho para o relógio e como ainda não são 12 horas, decido continuar e esperar reencontrar o pouco falador casal de holandeses.

A ciclovia agora é uma autêntica linha recta e a paisagem ao redor muito igual. Depois de quase 10kms a pedalar neste cenário, chego a Praia da Vieira. Uma localidade piscatória mas com óptimas condições para acolher os seus visitantes no verão. Para além de um simpático areal onde predominam as cores garridas dos toldos, são inúmeros os bares e esplanadas que se debruçam sobre a areia. É numa destas esplanadas que me sento para aproveitar a brisa do mar e almoçar.

Enquanto saboreio o café, consulto o meu mapa para delinear o percurso até ao meu destino, que pelas minhas contas, estará a 30kms. E para chegar ao meu destino vou ter que me afastar da costa e ir de encontro à estrada nacional que liga Leiria à Figueira da Foz – EN109.

Ciclovia da Estrada Atlântica

Ciclovia da Estrada Atlântica

Minutos depois de sair de Praia da Vieira reencontro os “holandeses” que aproveitam uma sombra para se abrigarem do sol e saborearem umas tangerinas que dizer ter sido um presente de um simpático agricultor. Partilham comigo algumas das tangerinas e agora sim estamos a comunicar. Perguntam-me qual vai ser o meu destino e descartado que está ficarem comigo em casa dos Neves, aconselho-os a irem até à Figueira da Foz e acampar no campismo local ou nas redondezas, em modo selvagem. Aceitam a “boleia” e pouco depois encontramos a EN109 e rapidamente percebo que é tanto do meu agrado este tipo de estradas, como é deles.

Mas para mim, a experiência dura pouco e pouco depois, tenho que tomar outra direcção que a deles e por isso é momento de despedidas e para uma fotografia.
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Daqui ao meu destino é um instante mas como é a primeira vez que visito os irmãos Neves, não sei qual é a casa deles, apesar de serem muito poucas. Por isso decido anunciar a minha chegada e as ordens são para esperar junto da pequena igreja da aldeia – o Neves mais velho está a caminho de Coimbra. Mas poucos minutos depois um homem numa mota passa por mim e tenho a sensação de que me conhece, mas continua a sua marcha sem parar.

Quando já estou prestes a adormecer deitado ao lado da pequena igreja, sou despertado pelo barulho de uma mota; é o mesmo homem mas desta vez não há dúvidas que me conhece de algum lado porque sorrindo pára ao meu lado e pergunta-me: “Tu é que és o amigo do João e do Nuno?”. Respondo que sim e prontamente se apresenta como sendo o padrinho/tio dos irmãos Neves e diz-me para o seguir que me leva até à casa.

Sou recebido muito bem pelos pais e pouco depois já estou com o pai e tio numa cozinha nas traseiras a provar da última colheita de tinto caseiro a acompanhar uma fatia de pão com chouriça 🙂 Por aqui vou passar o fim-de-semana…promete!

Até amanhã

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